A Tragédia da Mosca
ou Eu já sou Mocinha
Dramaturgia de Huguera Rodrigues
A tragédia da mosca ou Eu já sou mocinha
É uma comédia de humor refinado que narra os anseios de Marta Regina.
Frustrada e depressiva Marta decide se matar por que não consegue mais conviver com a presença da mãe.
Sua mãe Márcia é uma mulher que aparentemente cometeu as mais terríveis loucuras como mãe de família.
Ressentida e com desejo íntimo de vingança Marta transfere todo esse sentimento pra uma mosca, que entra pela janela do quarto pra se refugiar pois o dia lá fora do apartamento está nublado e uma tempestade se anuncia.
Marta cria um diálogo com a mosca, acredita por um segundo que a mosca é sua mãe e acaba matando a coitada.
Eu já sou mocinha é uma peça-curta que traz reflexões sobre a condição das relações em família, uma reflexão sobre os valores de outros tempos imersos nos valores do novo século.A Tragédia da Mosca ou Eu já sou Mocinha
Huguera Rodrigues
Num apartamento no centro da cidade ouve-se o caos cotidiano.
Buzinas e veículos motorizados emanam uma estrondosa poluição sonora.
O dia está nublado. Uma enorme tempestade inicia. Entardecer.
No apartamento música de Chopin.
Marta Regina decide que não quer mais viver.
Chega.
De agora em diante não existe mais.
(pausa)
Acho que estou ficando louca.
(respira fundo)
Não, não sou eu a louca não. Eu não tive sorte, a gente não escolhe a mãe que tem. Ou será que escolhe? Sorte desatinada posso dizer que eu tive.
(Amargurada)
Ah, porque não tive a tal sorte danada?
Chega de dizer, é hora agora de ir, partir, deixar, existir num outro plano
se em outro plano eu tiver a sorte de ter uma mãe que não a minha.
Esse frio cano em riste
(olha a arma, põe na boca, fala de boca cheia)
E chega.
É hora.
Adeus mundo cruel...
Mãe eu te perdôo por tudo viu?!
( engasga, tira a arma da boca muito triste)
Queria dizer pra você tudo isso aqui em mim mas você não ia me escutar.
Ia dizer: “ Você é uma menina mimada e está fazendo uma tempestade num copo d´água...” ”Você já é quase uma mocinha!!”
Ia dizer “ Eu devia ter dado uns tapas quando você era pequena... que eu sou mimada porque você não teve coragem de me dar umas palmadas ...mas EU mãe, eu...eu já sou mocinha!!
(coloca a arma na boca sente um gosto ruim, desiste, põe a arma na cabeça)
Agora é a hora.
Adeus mamãe...
(Música de Chopin, ela respira fundo criando coragem, engatilha a arma apontada pra própria cabeça, ouve um zunido de mosca).
Quem ta aí?!
O que você quer aqui? ...
(zunido)
Você não tem uma mãe como a minha.
Aliás eu nem sei se você tem mãe...
(zunido)
Desculpa a ignorância, claro que você tem.
Mãe, todo mundo tem !!
Não se aproxime eu mordo.
(zunido de mosca. Ela modifica imediatamente, um tempo reflexivo Dela, zunido contínuo)
Hã?
Pra que você quer saber?
(orgulhosa)
Eu me chamo Marta Regina...
(Zunido. Ela fica irritada)
É a filha da Marcinha sim!!
Eu sempre fui a filha da Márcia Regina.
“ AH você é a filha da Marcinha?!!” “AH,Nossa como você cresceu!”
“ AH,Sua mãe é um barato hein?!!” “AH,Chama sua mãe pra festa!!”
Ninguém nunca quis saber meu nome...
E agora vem você me perguntando qual o meu nome!!?
(emocionada)
Eu me chamo Marta!
(Zunido, ela fica irritada)
Não me confunda.
É muito parecido sim mas eu sou a MAR-TA. Ela que se chama Már-ci-a.
Mas pra quê você quer saber?
Chega disso.
Não tente me impedir... chega !!
(respira fundo fecha os olhos, zunidos picotados)
Pra quê eu estou apontando essa arma pra minha cabeça?
Pra esquecer.
(zunido)
Esquecer o quê?
(zunido afirmativo)
Você pensa que é fácil ?
Pra você é fácil.
(zunido, ela divagando como no divã).
Tudo começou quando eu era uma menina.
Eu me lembro muito bem, era o meu primeiro dia na escola.
Era de manhã . Na noite anterior assistimos Faustão na t.v e chovia muito.O ar tinha o cheiro de agora. Amanheceu com sol...Eu vesti meu uniforme, peguei minha lancheira, fomos eu e minha mãe pra escola. Chegando lá fiquei empolgada com aquele tanto de criança. Todos da minha idade, a minha mãe falava muito da escola.
Dizia que eu ia ter um monte de coleguinhas e que estar na escola já era coisa de mocinha, que eu tinha crescido... Pensei:_Agora eu vou virar mocinha...
Minha mãe pegou na minha mão e fomos pra minha sala de aula.
A professora, a tia Célia disse que mamãe não precisava se preocupar.
Mamãe se abaixou, me olhou nos olhos e disse: “ A mamãe vai estar sempre com você!”. Despediu-se e saiu.
A Tia Célia reuniu os coleguinhas numa roda e cada um ia se apresentar dizendo o nome e a idade. Cheia de vontade, afinal eu estava ansiosa pra começar essa nova etapa, pra virar mocinha, levantei-me para iniciar o papo.
Meu nome é... De repente a porta se abriu e minha mãe chorando aos prantos muito emocionada gritou: Chuchuzinho da Mamãe!!!
Veio na minha direção me abraçando dizendo que não suportava ficar longe da mocinha linda da mamãe. E chorava “minha filhinha linda já é quase uma mocinha!”
“Olha como ela é tão linda.”, berrava ela sorridente.
“Bonequinha da mamãe”, repetia sem respirar perdendo o fôlego me asfixiando contra seus enormes melões!! Os peitos dela eram enormes!!
Como num relâmpago estrondoso da natureza em uníssono gargalhadas estridentes ecoavam nos meus ouvidinhos .(vira uma menininha)
( risadas)
Era o que se podia ouvir por todos os lados.
“Ai como ela é mocinha”. “Ai ai chuchuzinho gostoso”.
“Ai não vai quebrar no meio lindinha ...da mamãe.”
“Ai ai ai, bonequinha de porcelana...”(fim)
Minha mãe se recompôs e a tia Célia disse que ia ficar tudo bem, que era assim mesmo, muitas mães ficavam emocionadas que ela poderia ficar ...Ela foi embora.
Eu estava de costas pra parede com as mãos na cabeça querendo me enfiar ali e os meus novos coleguinhas ficavam rindo e rindo ...Depois daquele dia a escola foi uma tortura.
Todo dia eu ouvia, “oi bonequinha. Como vai essa porcelana ?”
“Você já é mocinha, não pode brincar de boneca!!”
(risadas playback)... E todo dia (risadas playback).
Minha mãe ia me buscar e lá estavam elas zombando de mim.
Minha mãe trocava receitas com as outras mães.
Acho que ela teve um caso com a Tia Célia.
Todo mundo adorava ela, mas á mim... eu...
Eu era só um Chuchuzinho da mamãe!!
O Faustão merecia um tiro.
(caindo em si )
Já perdi muito tempo com você! Agora chega.
(zunido pelo espaço)
Vai embora!
Não há nada que você possa fazer.
Eu cansei...
(zunido curto)
È a sua!!
Minha mãe não era boazinha, era uma dissimulada!
O que você pode saber?
Será que ela não percebia como as outras crianças eram cruéis?
(reflete o seu passado com sinceridade)
Não percebia não, estava tão ocupada sendo legal com todo mundo.
Nem conseguia me ver.
E as roupas que ela me obrigava usar?!!
Isso era um trauma!
Eu já tinha superado vários outros traumas por causa da minha mãe... você nem pode imaginar...
(zunido de sono, ela no divã)
Uma vez na festa de final de ano da Vila onde morávamos, ela disse que tinha um vestido lindo que era dela quando ela era criança. Que ela tinha feito muito sucesso numa festa que ela foi vestida com aquele vestido. E que pra ela seria um orgulho ver a filha dela vestida com ele...e ti ti ti ,blá,blá,blá...
Tomei um banho demorado, lavei todos os cantinhos que ela dizia pra eu lavar, quando fui pro quarto me vestir, vi o tal vestido.Ele era verde mas tava meio amarelado pensei
” é o tempo...”.
Era um modelo antigo... Eu naquela época nunca tinha visto coisa mais antiga mas com o tempo aquele vestido era mesmo moderno.Nem vou te contar sobre o meu vestido de 15 anos...nem do meu vestido de formatura e nem do meu vestido de casamento...
... Fiquei um tempo ali, diante aquele vestido verde meio amarelado, pensando em como a minha mãe tinha ficado bonita com ele na sua festa da Vila. Peguei o vestido, coloquei em frente ao corpo, fui ao espelho...
Achei que ia ficar pequeno afinal o vestido já tinha uns vinte... mais... quase trinta anos!!
Meu Deus quantos anos tinha a minha mãe...?
Isso não importava porque aquele era o dia da festa da Vila e eles iam premiar a mocinha mais elegante que ganharia uma coroa e o direito de beijar o menino mais fofo da rua, o Fabinho Boa-Pinta!
Aíííííí ,(apaixonada)
O Fabinho Boa-Pinta...eu lembro bem de todas as meninas ficarem suspirando por ele quando ele passava...aquela franjinha caindo na testa...linda...Ele não namorava ninguém , era sério, ficava com os coleguinhas meninos pelos cantos do parquinho, rondando pra ver se vinha alguém, coisas de meninos...eles tinham o seu segredo.
Fui toda serelepe pra colocar o vestido, quando percebi que ele não queria entrar.
Foi difícil passar a cabeça. Consegui num esforcinho... desisti.
Tentei de outra maneira e nada, fiquei apavorada já tava quase na hora e o Fabinho AIIII, O FABINHO...
”MÃEEEEEEEE’, Gritei.
Ela veio ver o que era e disse que eu não precisava ficar apavorada, nós íamos achar uma solução, porque ela queria a filha dela a menina mais linda de toda a Vila.
Eu devia ter desconfiado que aquilo ia dar merda.
Primeiro ela ficou tentando enfiar o vestido de qualquer jeito.
“ Levanta o braço”,”não assim não vai dar, vamos um braço de cada vez”
“Não, assim ele vai rasgar, vamos tentar assim mas bem devagarzinho”...
Foi aí que bem devagarinho eu ouvi um pequeno e evocativo RASG seguido de um sonoro e intenso “Merda !!! ”.
Rasg , foi o vestido que entalou na minha cintura e rasgou na costura .
Merda , foi mamãe que disse .
Tiramos novamente o vestido.
Agora com aquele rasgo íamos ter que disfarçar porque ninguém ia eleger a menina mais bonita do bairro uma concorrente que estivesse com o seu vestidinho rasgado.
Fui ficando tensa.
E ainda mais, um rasgo daquele tamanho!! Ia do ombro á barra da saia.
Era melhor desistir de ir...
“Nem pense nisso, sua Bobinha...você vai custe o que custar!” foi o que ela disse em resposta ao que eu tinha pensado.
Minha mãe tentou mais umas 200 vezes colocar o vestido disfarçando os vários Rasg que soavam seguidos dos Merdas que ela dizia.
E como num salto de idéias, “Já sei”foi o que ela disse.
“ Deixa com a mamãe”. Deixei com Deus.
Ansiosa pra saber o que vinha pela frente me acalmava exercitando uns exercícios indianos-japoneses-vietnamita que mamãe fazia de manhã... Uns exercícios que ela dizia serviam pra agüentar as loucuras do meu pai...
Respira 2, solta 4.... Respira 2, solta 4...(reproduz).
Repeti umas 200 vezes... Aquilo foi me dando um calor, um barato diferente, esquisito, era uma sensação de liberdade!! Comecei a ver uma aura limpa ao meu redor, tudo foi ficando tranqüilo, colorido... quando a minha mãe chegou com outro vestidinho eu achei maravilhoso, coube como uma luva...”você parece uma princesinha!!” foi o que ela disse.
Fomos pra festinha e quando no horizonte nos avistaram um exército veio em direção a gente. Tinham um olhar de curiosidade, eu não sabia, por que o barato não tinha passado ainda, mas a minha sensação mudou bruscamente.
Fui tomada de pânico, frio, constrangimento.
Imagens vinham na minha cabeça parecia que eu já tinha estado ali quando mamãe gritou: “ Ela não está uma bela princesinha?!!”
(tique nervoso)
Outra vez aquele som nos meus ouvidinhos... (playback).
Apontavam o dedo pra mim.
Ficavam dizendo que eu estava um florido e engomado botijão de gás...
“Não vai soltar gás aqui?!” Faziam barulhinhos. ( imita).
Foi quando minha mãe soltou a pérola: “ AH,Gente olha que original...afinal daqui a pouco é tempo de Festa Junina!!”
Mais e mais alto as gargalhadas se multiplicaram, eu fiquei ali parada .
A lombra passou e eu me vi vestida com a capa do botijão de gás lá de casa.
Era uma capa que a vó Zefa fez pra colorir um pouco a cozinha lá de casa, ela dizia
” essa cozinha é muito branca!”
Tentava respirar 2 soltar 4 mas era tamanho o vexame que quanto mais eu caia em mim mais raiva da minha mãe me dava. Poxa minha vó era esclerosada...Estava velha.
Foi quando saí empurrando as pessoas. E eu chorava, soluçava e eram tantas...Já estava cansada quando esbarrei num mocinho... Quando eu vi era ele, o Fabinho Boa-Pinta.
Ele me segurou na mão e disse: “ Relaxa amiga, força na peruca e bola pra frente!”...
(super emocionada) O mundo parou ali.
“Força na peruca?” Não era possível!! Será que depois de descobrir que minha mãe é uma surtada, era a vez de descobrir que o Fabinho Boa-Pinta, pinta como eu pinto? Ele continuou : “ Não chora Mona, seja Mais Você!”. Confirmei as minhas suspeitas ... Porque se ele era fã da Ana Maria Braga naquela altura do campeonato só podia ser... Batata ! Na mosca!
Era por isso que ele vivia com o joelho ralado.
Era por isso que ele vivia me pedindo o espelho que eu carregava na bolsa, o protetor solar ,o celular pra ligar á cobrar.
Era por isso que toda hora ele ajeitava aquela franja ...claro, a franja era a li sa da !!
Ele não surfava mais vivia na prancha!
Ai como sou estúpida! Ah minha mãe, por que me obrigou a ir naquela maldita festa?!!
No dia seguinte saiu no jornal da Vila;” Marta Regina e sua filha são destaques com inovação no mundo da moda!” e na reportagem mamãe disse:” isso é criação da avó, coisa de família”!
Será que ninguém percebeu o ridículo que eu passei?
Será que ninguém percebeu como a minha mãe me expôs?
Não ninguém percebeu não só falavam que minha mãe TINHA BOM GOSTO e ti ti ti ...ta ta ta...
Bláááá´.
E eu, eu... todo mundo quando eu passava ficava fazendo barulhinhos ....(imita.Entra numa profunda reflexão quase chora /zunido sincero)
EU NÃO TÔ CHORANDO!!
Já chorei muito por causa desses traumas .
(zunido)
TRAUMAS SIM !! NÃO ERA COMPLEXO...
Mas agora, agora mesmo já era...
(respira fundo continuamente/ zunido)
Não entendi?! !
Você falou alguma coisa?
(zunido risada de hiena)
Que jogo?
Você vai fazer o papel de minha mãe e eu o de filha...? ?
Qual o propósito disso?
(Zunido musical)
Sei não... Você ...
(zunido terminando a canção)
Mas porque você iria querer me ajudar?
Você nem me conhece!
(zunido bravo/ ela passa a ter tiques nervosos )
Eu não estou querendo te contrariar não, mamãe, é verdade ninguém me conhece melhor do que você. (vai continuamente imprimindo ritmo nos tiques)
Lembra? A minha festa de dez anos na hora do Parabéns ? Quando a gente se reuniu na mesa pra cantar e você pediu pra reunir todo mundo pra tirar uma foto? “A festa está tão linda”, você repetia.
Cantamos o Parabéns mas a sua máquina falhou. Você pediu pra cantar de novo... nada da máquina funcionar.
” Muda de posição, falhou aqui”!!
“Olha o passarinho!!”
Mãe, foram intermináveis dez Parabéns porque a sua máquina falhou...
Um Parabéns por ano!! Depois daquilo foram descobrir que tinha acabado a pilha.
E eu de tanta vergonha de ficar assoprando a velinha e fazendo discurso enfiei a cabeça no bolo, eu era uma menina tímida, e mãe, é a única foto que você tem do Parabéns !!
Mãe, foram DEZ as vezes que repetimos a mesma cena.
Essa foto que você fez questão de pendurar na parede da entrada da sala.
Você dizia “ Foi uma festa tão linda!”, ” Vê o seu avô como está sorridente” claro Mãe, ele está rindo da minha cara!
“ E a cara da sua prima Luciana, olha ...está estudando teatro, vai ficar famosa rapidinho, está indo morar sozinha no Rio de Janeiro!”
Mãe, a prima Luciana tem mesma idade que eu e você sempre disse que EU ia virar mocinha que a Luciana já era uma mulher.
Porque ela podia ser uma mocinha e eu não podia?
E mãe, todo mundo o sabe o que é essa coisa de teatro.
Todo mundo sabe o que ela vai fazer no Rio de Janeiro e MÃE, ela também estava rindo da minha cara!
Fóra Mãe, que o meu vestido foi o mesmo que a senhora usou no dia do seu aniversário de quinze anos porque você e essa maldita tradição de família sempre me obrigaram a ser ridícula.( tique intenso)
(zunido triste)
Cala a Boca!! Não tem mais desculpas.
Agora você vai me escutar, Mãe!!
Nem um pio...Ou vai ficar uma semana sem internet, Márcia Regina!!
Ou vai ter que comer salada no almoço e sopa na janta afinal você já esta ficando mocinha e mo-ci-nha tem que ser magra, Márcia Regina! !
Ou então Már-ci-a Re-gi-na, eu vou te buscar todos os dias na escola e vamos direto pra casa da sua avó Zefa, pra ela ficar com você a tarde toda tomando a tabuada!
(zunido cantiga de ninar, Ela no auge do surto atira em direção a mosca, tudo agora é frenético)
Essa música horrorosa!! Boi boi boi da cara preta...(canta a música num excesso de loucura)Eu nem dormia mãe!! eu nem dormia!!
(atira novamente, zunido de dor)
Você está sangrando mãe.
(bem sacana)
Está vendo Marta Regina...
Agora você pode me escutar?
(tiro,risadas insanas,Ela vai sendo tomada pela fúria)
Eu, mãe, quis tanto que você me ninasse no colo, mas você me enfiava naquele maldito berço. Podia pelos menos balançar o berço, mas não... você dizia “ Maria, cuida dela pra mim, se ela quiser mamar tem uma mamadeira por aí”.
Você voltava de madrugada e eu sentia mãe... Mas tudo bem, eu só queria dizer que sinto falta de você.
Da sua voz. Do seu cheirinho de mãe.
(atira 2 vezes)
E que tudo o que passei serviu de aprendizado .
Serviu pra eu me tornar mocinha...
(atira, zunido de morte, Ela acredita ter assassinado a mãe)
Mãe? Mãe? (Ela vai até a mosca no chão, ajoelha)
O que foi que eu fiz!!
Mãe!!
Eu te amo minha mãezinha .
Eu sempre admirei você!!
Eu nunca te disse mas agora eu posso te dizer viu?
Obrigada mãe, por tudo. Eu tenho orgulho de ser filha da Márcia Regina .
Fala comigo?
Mamãe do meu coração.
Mamãe você é a mãe mais incrível do mundo.
Você é a super-mãe.
Mãe.
Manhêêêê!!
( tempestade cai, música de Chopin, Marta senta na cadeira pega o revolver ,aponta pra cabeça, a música toma a cena,ela engatilha, aperta varas vezes mas não há mais balas, o som pára e ouve-se um telefone tocando, Ela vai pra coxia atende )
Mãe?
Não. Tudo bem... Aqui tá chovendo sim.
Tô agasalhada sim... Mãe péra... Eu te amo.
(música de Chopin).
fim
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