Super Dorotéia
Dorotéia é uma menina especial. Gosta das cores. Gosta de brincar das brincadeiras dos meninos e também das meninas,embora ela prefira as brincadeiras dos meninos como o jogo de futebol e o pique-esconde.
Dorotéia tem 9 anos. Mora com sua mãe num apartamento antigo que foi de sua avó e onde ela e sua mãe foram criadas. A casa tem pisos de madeira e um sótão onde é proibido entrar. É uma casa que faz barulhos esquisitos durante a noite. Dizem que a casa é mágica.
Dorotéia não tem muitos amigos apenas sua boneca Juliana, fiel confidente, e o terrível Dudu,um garotinho de seis anos quase sete anos, encapetado que sempre arruma um jeito de seqüestrar sua boneca Juliana para arrancar-lhes os seus segredos.
Um dia numa tarde ensolarada, Dudu é convidado pra dormir na casa de Dorotéia pois suas mães são muito amigas. Não se contendo Dudu entra no quarto de Dorotéia para roubar sua boneca Juliana.Dorotéia vê e vai atrás de Dudu,embolados por causa da boneca tropeçam juntos e abrem a porta do sótão proibido.
No sótão ouvem uma voz misteriosa que diz a eles para abrirem o antigo empoeirado baú escondidinho no fundo do sótão.
Dorotéia e Dudu não se entendem. Ela querendo sair dali com urgência ele curioso pra saber o que há no baú. Ela ameaça gritar por socorro já que a porta esta travada e é nessa hora que Dudu se aproveita do medo de Dorotéia,escapa de suas mãos,vai ate o baú e o abre.
Nesse exato momento muita confusão!!
Há uma invasão de sons e Dudu e Dorotéia se transformam em dois personagens de histórias em quadrinhos.
Ela agora é a super Dorotéia e ele seu fiel escudeiro Duduzinho .
Agora eles têm uma missão quase impossível
Atravessar a deserto de Sansei para chegarem as Montanhas das árvores sem raízes e poderem finalmente entrar no vale dos homens, capturar a chave da ternura, retornar daquele sonho e abrir a porta do sótão .
É uma única chance e saída. Ou então o destino deles, entregue por uma pequena barata que morava no baú,a pequena barata Grégor ... seria o de virar mais um objeto lá dentro.
Pra sorte dos dois heróis o baú tem interminável fonte de defesa.
Uma marinha inteira que foi capturada ali e não achou a chave. Piratas, fadas, mocinhos, bandidos...todos dentro daquele baú.
Ele havia rodado o mundo e quase todo o universo. Pertenceu a grandes homens, filosofava. Quantas recordações. Estavam seguros ali.Se lançam na imaginação.
Partem em missão. Três obstáculos haviam de se lançar. Eram eles:
- Atravessar o deserto de Sansei. Lá mora o dragão da sabedoria. É um lugar de muita chuva, poucos sons. Por lá quem impera é o silêncio
Eles tem que convencer o dragão a dar vida ao coração gelado .
-Invadir a montanha das árvores sem raiz e plantar nelas as sementes perdidas de outono.
- tomar o reino dos homens e capturar a chave da ternura, esta que abrirá a chave do sótão.
Durante a travessia super Dorotéia e Duduzinho encontram-se cúmplices e companheiros. De repente é paixão o que sabem disso.Com ingenuidade e inteligência descobrem juntos um mundo extraordinário de sentimentos e sensações. Como num jogo de conquista eles expõem um para o outro a verdade de seus corações.
Uma divertida historia de amigos que vão juntos numa viagem rumo ao ápice da imaginação.
Huguera Rodrigues
Cena um - Dorotéia é uma menina esperta.
(Calçando os sapatos) - Sábado, vinte e três de junho de três mil e quarenta e quatro...meu aniversário!! Não é todo dia que a gente faz nove anos. E não é todo ano que o sol vem trazer tua luz...no ano passado tava uma escuridão só. São os efeitos do tempo em que não reciclávamos a água. Mas agora isso acabou, o tempo venceu. Ai, só tempo que é nosso aliado pras coisas infindáveis.
Hummmm, um pedido... que hoje seja um dia pra não esquecer nunca, jamais!! Manhê!!
( vai até a janela e abre-a, entra a luz do sol ).
b.o
cena dois – Dorotéia e Juliana
Dorotéia - Sabe Ju, eu pedi só que hoje seja um dia inesquecível.
(como conversando com a boneca)
-O quê?! A minha mamãe convidou o Dudu pra dormir aqui pra ele ficar pra festinha amanhã?!
Ah não, o Dudu é muito chato. Nem fez sete anos ainda. É um pirralho.
Com aquele jeito grandão. Aquele cabelo curtinho. Uma jardineira verde.Meias surpresas. E o sapato de palhaço. O Dudu é um estranho,isso sim!
Euuuuuuuuuuu? Juliana!!
Vai ficar pendurada no cadarço por pensar de mim uma coisa dessas.
(coloca a boneca pendurada como um enforcado)
Fica aí. Oras!
Onde já se viu, boneca feia!
Eu apaixonada pelo Dudu?!
De qual o ovo que você tirou essa idéia de jerico!
Eu? Eu?
Eu ? Eu apaixonada pelo Dudu?!
A minha mãe sempre diz que eu não tenho idade pra saber quem eu sou como eu posso estar apaixonada?!
Ai Juliana você é incrível mesmo!
Cena 3
(Dudu e Dorotéia de pijamas. Dorotéia brinca com sua boneca enquanto Dudu a observa com maldade.)
Dorotéia – vou ali moleque chato. E por favor não fique mexendo nas coisas.você faz uma bagunça tremenda!
Dudu- nem no controle remoto? posso ver meu email? Posso ouvir a música dos Rolling Stones no seu mp600celular também?
Dorotéia- não pode nada disso!!
(sai. Dudu esta sozinho )- ela não disse que não pode mexer na Juliana
(pega a boneca e arranca-lhe a cabeça).
Oi Juliana!
Você ta cada dia mais esquisita.Perdeu a cabeça foi? Por quê?
(fingi ouvir o que a boneca diz)
Não vai me contar segredo nenhum hoje?
Ahhh!! Que peninha... a Dorotéia não tem levado você pra escola?!
Mas o que você faria lá!?
Você é uma bonequinha estúpida e muda. E sem cabeça... (gargalhada).
(Dorotéia retorna)
Dorotéia- Dudu seu monstro, o que foi que você fez ? eu não disse pra você não mexer em nada?
Dudu- Na Juliana você não disse que não podia...ela ta muito atrevida,disse-me coisas terríveis!
(Dorotéia coloca a cabeça de Juliana no lugar e fingi escuta-la)
Não precisa ter medo não gatinha! Eu to aqui pra te proteger desse monstro!
Dudu você vai pagar muito caro por isso.
Dudu- quero só ver (mostra a língua)
Dorotéia- eu te pego!
Dudu- Du-vi-do!
Dorotéia- eu te pego sim!
(correm de um lado à outro, numa brincadeira de criança,puro pique –pega. De repente a luz da casa se apaga, e começa uma tempestade.)
Dorotéia- Dudu?
Dudu- eu to aqui...
Dorotéia- cadê?
Dudu- aqui ...ó...me da sua mão...
Dorotéia- o que será que aconteceu?
(ouvem uma risadinha bizarra ,depois sapateados inusitados sem ritmo causando neles um espanto infinito,de repente uma porta abre rangendo devagar com uma sonoridade grande)
Dudu- Veja ali tem uma luz...
Dorotéia- É a luz que vai dar no sótão, não podemos ir lá.
Dudu- porque?
Dorotéia- Minha mãe disse que não pode.
Dudu- ficar aqui parado eu não quero...
Dorotéia- você tá com medo?
Dudu- um pouco e você? Você tem medo?
Dorotéia- Não
Dudu- E o que você faz quando acontece alguma coisa que deixa você. paralisada e desconfiada que possa ser seu ultimo suspiro?
Dorotéia- Eu amplio a minha noção de coragem e vou.
Dudu- você sempre foi meio estranha...
Doroteia- pára com isso.
Dudu- é serio. Sempre gostou de brincadeira de menino, sempre subiu mais alto nas árvores, sempre foi mais rápida no pique e pega. Ninguém consegue pegar você... você sempre teve essa coragem.
Dorotéia- pára de bobagem Dudu. Vamos pensar no que fazer...
(uma ventania surge levando Dorotéia e Dudu para o sótão.
A porta bate violentamente.suspense,B.O).
Cena 4
Dentro do sótão...
(Dudu e Dorotéia estão dentro do sótão.
Um envelope antigo e um baú coberto de um pano branco é o que vêem.
Dudu abre o envelope onde esta escrito)
Dudu- vocês entraram no sótão proibido.
Terão que cumprir agora a missão que falta aos homens, encontrar a chave da ternura. Ali naquele baú, é que esta a passagem pro desafio de vocês agora, que são três.
O primeiro... Atravessar o deserto de Sansei. Lá mora o dragão da sabedoria. É um lugar de muita chuva, poucos sons. Por lá quem impera é o Silêncio
Vocês terão que convencer o dragão a dar vida ao coração gelado do imperador Silêncio. Eles se odeiam.
Para isso vocês ganharão poderes super especiais.
Abram o baú...
(Dorotéia abre, uma luz sai de lá de dentro e diz)
Luz- Dorotéia você é uma brava e astuta guerreira como as maiores guerreiras da história. Sua coragem e sua velocidade são diamantes. Preciosos.
De agora em diante você é Super Dorotéia. Aprecie com cuidado esses dons que tens, suas vidas dependerão deles. Como sua caminhada será longa precisarás de um sapato especial, calce esses que estão aí dentro. Eles contem o escudo invisível aos olhos. Eles tem vida própria e te conduzirão com cautela.Escute-os !
Dudu pequeno fiel amigo de Dorotéia. Mesmo ela esnobando suas gracinhas você se mantem ali, como um fiel,um cão.
Pois bem,serás o fiel escudeiro de Dorotéia.
Na sua roupa que é mágica, permitirá que você tenha sempre algo no bolso. Porém esse sempre acaba logo e poderá utilizar tal poder 3 vezes...pense bem no que vai tirar do bolso e quando.
E sem mais, já que agora são heróis dessa trajetória ingrata dos homens.
Os desafios outros saberão ao longo da jornada que os aguarda...entrem!
(Dudu e Dorotéia apavorados respeitam aquele ritual que aconteceu e obedecem ao chamado, vestidos com as roupas de heróis entram no baú.)
Cena 5
No baú imaginário
(Dudu e Dorotéia estão deitados, cansados um em cima do outro.)
Dudu- ai to com fome!
Dorotéia- eu também.
Dudu- Hummm bom prato de arroz feijão bife!! E batatas fritas!!
Dorotéia- Meu lanchinho,meu lanchinho vou comer,vou comer...
Dudu- Pra ficar fortinho, fortinho e crescer!
(risadas)
Dorotéia- veja Dudu, olha ali.é o deserto do dragão...sente o cheiro do bafo do grande lagarto?
Dudu- sim, que cheiro horrível! Eca!!
Dorotéia- Ouve...alguma algo se aproxima...abaixe-se!
(escuridão)
Cena 6
Dragão- então acharam que fácil assim seria ...
Ingênuas crianças como belas .
Convençam-me pois então, não é isso que estamos aqui nós .
Mas vou lhes dizer,o imperador silêncio pode não gostar nenhum pouco de saber que nos seus domínios há bisbilhotões ingênuos.O imperador silencio é impenetravél.
Dudu- Pois Dorotéia e eu iremos até o fim.
Dorotéia- Dragão o que podemos fazer pra que te convenças . A chave da ternura se perdeu .Os homens aprisionaram toda a possibilidade de resgate.Voce não entende dragão que sem a ternura é impossível reverter o feitiço. Voce quer viver pra sempre assim como um dragão?
Dragão- do que esta falando pequena boba.
Dorotéia-É sim, um dragãozinho meia boca,gordo que só obedece ordens, sim sim, com meros poderesinhos...
Dragão- atrevidinha...saiba que mantenho uma dieta rigorosa.
Dorotéia- sim sim, e se submete ao imperador silencio...voce não é de falar muito não é mesmo? O silencio o fez palidecer!
Mandar aos ares nós mesmo por dentro é auto-terrorismo .
Precisamos cuspir o fogo! O silencio te fez um besta.
Sabe apenas posar de dragão mas seu instinto calou-se com o Silencio.
O que fará um dragão quando não houver mais mistérios na lua?!
Dragão- tudo bem atrevida.Quer que eu mostre a você que eu tenho auto-confiança extremada e que sou o maior de todos os Dragões,te mostro.Dou pra você o seu pedido mas tenho uma ordem.
Dudu- sem ordens ! não estamos aqui pra servirmos ao poder de ninguém.
Em nós dois já há o poder de imaginar e ele basta. Esse seu poder nada pode contra ele.
Dragão-mas como é espirituoso esse pirralho!
Ponha-se no seu lugar...o papo é entre eu e Super Dorotéia.
Dorotéia- Sente é o vento trazendo o Imperador.é a hora dragão!
Quero ver tua estima louca!
(Passa o vento. silencio em cena.pouca luz.sapateado triste.)
Cena 7
Dorotéia- foi uma grande batalha.
Pena o dragão não ter sobrevivido,porém cheio de estima trouxe nos vida ao coração silencio,ouve há pássaros agora.mudou a paisagem...um coração gelado não pode ouvir o brisa cantar passarinhos.
Missão cumprida.
Dudu- falta-nos ainda.
Irmos ás montanhas de arvores sem raízes.
O ar anda meio seco por aqui...estamos perto.
Dorotéia- Como você pode saber o destino?
Dudu- um desejo caiu do meu bolso quando passamos da realidade pra cá.
Droteia-olhe ao redor!
Dudu- as montanhas!!
Vamos então mergulhar por dentro delas.
Dorotéia- espera Dudu. Temos que ajudar as arvores, elas não podem ficar assim secas,sem vida e sem raiz...nao tem lagrimas verdes escorrendo de seus galhos mais.
Vamos por aqui.
Dudu- Dorotéia não há tempo, mais passa o tempo ...precisamos cumprir uma missão.
Sei da tua generosidade, sei e acredito que o melhor seria ficar e ajudar essas criaturas, árvores. Mas não há tempo!
Dorotéia- chega, venha me ajudar! Tire do seu bolso umas sementes?
Disse a voz de dentro do baú que aí há guardado desejos.
(Dudu retira um punhado de semente)
Dudu- sim como nao pensamos nisso antes?!!
Plantemos aqui,e ali, e lá,acolá...(inicia um ritmo enquanto vai plantando as sementes Dudu e Dorotéia .)
Dorotéia- Pronto agora tem raiz pra fincar toda a força das arvores outra vez. Carregarão os frutos como há muito não se via.
Vai ser uma cabeleira louca cheia de frutas!!
E um tronco firme, e uma raiz e cada raiz como um indivíduo, inteiro!
Dudu- tenho ainda fome.
Dorotéia- vamos esperar a estação das frutas.
Dudu- pode demorar demais. houve um tempo ,você se lembra,que as arvores não mais frutos deram pra humanidade.
Dorotéia- dessa vez tudo é diferente meu escudeiro Dudu. Quando a gente se permite viver o imaginar intensamente que até parece loucura aos olhos alheios, estamos mesmo vivendo a nossa vida,não a vida que não pretendemos. A vida que acontecesse imediatamente, essa vida que não damos valor porque futuro é rápida escolha sem desafio.
Imagina Dudu, uma manga linda, amarela, doce,suco de manga da fruta da mangueira caída madura.
Imagina Dudu, que você a tem e você a quer.
Imagine forte Dudu, deixa ela tornar-se manga.
Coma!
Coma!
Coma!
Dudu- aaaaaaaaaaaaaaa!!
Que maravilha é matar a fome da imaginação você tinha razão super Dorotéia, é impressionante tudo isso !
Vamos em busca dessa chave, nenhum homem nos deterá...ainda temos mais dois desejos, vamos sem demora!
Vamos!
Vamos!
Cena 8
Dorotéia- Dudu,o que houve.Por que tanta febra agora. voce esta ardendo em febre. Deite-se.
Dudu- acho que não vou conseguir mais.
Dorotéia- não diga isso meu fiel escudeiro. Nao deixe de crer em toda a força que somos eu e você juntos. Porque somos sinceros um com outro,somos honestos por que gostamos alem da companhia, um do outro, gostamos um do outro e acabamos por nos importar como por nós mesmos.
Quando a gente se importa cria e tudo é qualquer motivo pra fazer,ver, ter do lado você que importa, feliz!
Vou deitar-me aqui também pra segurar-lhe a mão e ir com nossos olhares ao encontro da lua tão desesperada por nossa missão!
Dudu- será que nós imaginamos a lua?
Dorotéia- claro que não!
Dudu- não sei !
Me engano todo tempo que penso serem os homens malvados vilões da historia do próprio homem.
Dorotéia- não vamos falar disso agora...
Dudu- e por que não?
Dorotéia- você esta muito fraco. Precisa conseguir desligar esse pensamento.
Dudu- Aqueles que entregaram a utopia carregam cicatrizes na moral, eu não. Não. A sensação que tenho causada agora é que envenenada foi minha imaginação, e mesmo aqui onde me sinto sim,um fiel e escudeiro teu há os gritos de minha mãe e a obediência que sempre me foi exigida.
No meu pensamento ninguém vai interferir. Se me ferirem não serei alvejado na cabeça, na mente.Disso tudo o que eu acho importa o que me pertence.
Dorotéia- tem calmaria em ti Dudu ,respirar,,,ar,nunca se pode esquecer de respirar...você fala como se tivesse duzentos mil anos.
Dudu- talvez esse seja o numero de vezes que reencarnei pra poder dizer isso aqui.
Dorotéia- estamos iluminados Dudu é só olhar pro céu, e encarar as estrelas que ainda estão à vista. Para ver as estrelas nós não pagamos pra ver. Se de repente o seu horizonte estiver concreto cercado de olhos como câmeras que tudo registram o que te resta são as estrelas do indivíduo.em cada um dos olhos. Deve buscar a estrela que dentro certamente humana vive. A estrela humana é incrível como o poder da fé e da alma. É como o ultimo desejo.
Do que eu acho,aço,que os homens são felizes com toda a sua infeliz condição.
Vai ver importa pra eles, precisa respeitá-los.
Nós iremos libertá-los meu fiel Dudu.
Dudu...Dudu...Não devíamos desistir dos homens ,Dudu...
(está morto, Super Dorotéia dança e chora por ele)
Cena 9-
Homens- Dorotéia ! ! Então chegaste.
Tão audaciosa e desafiadora das regras.
Dorotéia- Será que você não entende ?
Tudo é tão claro como um espelho. É só se ver bem de perto como os olhos.
O olho é o portal pro coração. A minha visão é do amor.
Será que não entendem que o que está pra acontecer vai ser muito pior.
A gente precisa se desligar da pressa.Deixá-la viver.Aprisionada ela só adoece os homens. Sabe que um dia haverá tantos aviões que não haverá tempo no espaço pra todo mundo? O espaço deixará de ser infinito. Você pode imaginar isso? Daí a pressa dos homens vai ter que ser entendida. A pressa é aliada da cura. Só a cura entende a pressa.São irmãs.Curar o mundo, você pode imaginar isso?
Vai chegar um dia que os automóveis não sairão das garagens.Não haverá espaço.Você consegue imaginar isso? É impressionante. Os carros vão servir de sucata. Virarão estradas, casas populares com chassi.Poderia ser uma comédia tudo isso.
Homem- cala a boca!
Cala o bico o bico é meu foi a onça que me deu.
Homem- menina idiota.Não tem medo que o teu pai te jogue da janela?
Dorotéia- Meu pai nunca faria isso. Chegou o tempo em que a família já não está no dicionário. O pai dos burros aposentou a família. Ausente dela estamos todos perdidos. É sobrenatural o que acomete os homens. Só há pressa sem cura. Quando eu vejo todo dia que a notícia que devia me informar me dá medo gratuito tremo. Acostumamos a ficar numa solidão tão grande que não percebemos que estamos sós. Pergunta ao pai dos burros o significado de estupidez. Essa ele tem na ponta da língua.
Homem- Para com isso Dorotéia ou não volta mais pelo mesmo caminho. Você não imagina como é não ter a imaginação na cabeça.
Olha que eu chamo aqueles meninos que diziam que era melhor abusar de uma criança do que abortá-la. Eles eram terríveis.
Dorotéia- Se for assim pode me matar.
Homem- eu não faria isso. Nós os homens nunca matamos o semelhante. Quem mata são as armas.
Dorotéia- Você tem uma arma aí?
Homem- Todos nós temos uma arma.
Dorotéia- Então me mata. Eu também não quero mais estar lá. Viver a realidade vai ser duro depois dessa jornada.
Homem- isso seria a eutanásia do pai do burros.
Dorotéia- muito engraçado.
Homem- Também sabemos fazer comédia da vida.
Dorotéia- então ...vai atirar em mim?
(o homem atira)
Locução em off –
Dorotéia era incrível quando subiu o reino do céus. Melhor, quando depois de tantas eternidades seguiu ao paraíso. Era tanta a contemplação da sua natureza agora em força e luz.
Quando viva, Dorotéia era estimulada todo tempo.Sabia notar cada gota delicada que caia quando ela regava as flores do seu jardim.Deliciosamente menina Dorotéia dava vida aos seus parceiros e ao seu redor.Cuidava da sua aldeia como era pra ser.Ela era uma heroína.Sabe o tamanho de um feito heróico?
Dorotéia pode agora fazer o bem como sempre quis. Lá do alto ela intercede por nós toda vez que vamos agir sem responsabilidade. Está do lado de deus. Um qualquer Deus que a guia.Dorotéia é luz. Vamos nos lembrar sempre dela. Como a vitalidade que há ainda nos homens. Como Estamira .
Fim.
